Uma Igreja comprometida – com as Missões

Quando falamos em missões logo pensamos em povos e países que ainda não foram evangelizados, aos quais o Evangelho de Cristo ainda não chegou; nosmissionários que são enviados a esse lugares com essa tarefa e nas igrejas de apoio que enviam e sustentam os mesmos. Esse é o quadro que vemos em Atos dos apóstolos, que narra o surgimento da Igreja Cristã na terra a partir do Pentecostes. Ela foi uma Igreja totalmente missionária, na qual cada cristão era um missionário. Devido à perseguição dos cristãos, estes levavam a chama da fé cristã a todos os lugares para onde fugiam. O livro de Atos nos fala de três viagens missionárias de Paulo e ao iniciar a primeira lemos em Atos 13.2-3: “E, servindo eles ao Senhor e jejuando, disse o Espírito Santo: Separai-me agora, Barnabé e Saulo para a obra queos tenho chamado. Então, jejuando, e orando, e impondo sobre eles as mãos, os despediram.” Podemos perceber aqui alguns requisitos, algumas coisas fundamentais para um missionário que vai enfrentar terras inexploradas pelo evangelho: (a) Precisa ser alguém que está servindo ao Senhor de corpo e alma, totalmente entregue a sua causa, uma pessoa consagrada. (b) Precisa buscar a orientação de Deus e sentir o chamado dele através do Espírito Santo em seu coração e ter convicção do mesmo. (c) Precisa possuir uma paixão e um amor muito grande pelas almas perdidas. (d) Precisa ser enviado com o aval da Igreja e sob imposição de mãos e intercessão. Claro que existem outras condições a serem preenchidas, mas estas são as básicas, as fundamentais.

         Não teríamos conhecimento do Evangelho e não haveria cristãos no Brasil se no passado missionários não tivessem obedecido ao chamado de Deus e se disposto a enfrentar as peripécias das matas e as dificuldades de uma terra inexplorada. A Igreja Evangélica Congregacional da Argentina e do Brasil foram durante os primeiros anos campos missionários da Igreja Congregacional dos Estados Unidos e ainda hoje mantém laços históricos e fraternos com a mesma. Assim aconteceu praticamente com todas as Igrejas históricas do nosso país. Hoje o Brasil é celeiro de missionários que trabalham em muitos países do mundo. Nem todos tem o chamado de ir a tribos, povos e nações que ainda não conhecem o evangelho, como já vimos, mas todos podem orar e interceder por aqueles que Deus chamou e enviou e também sustentá-los com suas ofertas. Assim participarão da obra missionária. Jesus foi muito claro ao afirmar em Mateus 24.14: “E será pregado este evangelho do reino por todo mundo, para testemunho a todas as nações. Então virá o fim”. Cristo retornará e sua parousia somente poderá acontecer quando o trabalho de missões tiver terminado sua tarefa e todos tiverem tomado conhecimento do Evangelho.

         Portanto, a Igreja tem o compromisso de apoiar a obra missionária no mundo, porque a comissão que Jesus deu aos doze estende-se a toda a Igreja: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado”. (Mateus 28.19-20) Ela precisa informar aos seus membros que há muitas pessoas que ainda não conhecem a Cristo, motivá-los a orar pela sua conversão, pelo envio de missionários e obreiros e ofertar em favor dos mesmos.

         O termo missões não tem apenas significado internacional, mas também abrange nosso país, nossa localidade. No próprio Brasil ainda temos muita gente que desconhece que Jesus é a única esperança e que Ele disse: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim.(João 14.6) Em cada Igreja há aqueles que não levam o recado de Deus a sério e se tornam assim necessitados de serem evangelizados. Como na Igreja primitiva, cada membro deve ser um missionário em seu lar, no seu trabalho, na sua vizinhança, na sociedade onde está inserido, na sua igreja. A vida do cristão é a Bíblia que o mundo ainda lê e muito mais se alcançará pelo exemplo do que pelas meras palavras. Esse trabalho de missões não abrange apenas a pregação da palavra de Deus, mas o cuidado com o ser da pessoa, suas necessidades físicas, sociais e emocionais. Pouco efeito terá dizer a uma pessoa faminta e com frio que Deus a ama e nós também se não saciarmos primeiro a sua fome e a protegermos do frio. Quem não possuir um coração inundado pelo amor de Deus não servirá para o trabalho missionário, porque segundo Jesus, terá que “chorar com os que choram e alegrar-se com os que estão alegres”.

         Na nossa denominação, por decisão da Assembléia Geral, a semana da Páscoa é a semana de Missões já há alguns anos. Chamamos também de campo missionário aquele lugar onde a Igreja está no início de suas atividades e necessita do apoio de outros, como uma filha necessita do apoio dos pais. Esse ano apoiamos com nossas ofertas e oramos pelo campo missionário de Lindolfo Collor, na região da Grande Porto Alegre, para onde nas últimas décadas migrou um grande contingente de membros da Região do Alto Uruguai.

         Caro leitor, seja de qual Igreja for, você e a sua Igreja tem um compromisso com missões. Você deve contribuir com a tua parcela de testemunho, oferta, intercessão para que as pessoas ao seu redor ou em qualquer lugar tenham a oportunidade de conhecer a verdade e sejam desafiadas a uma decisão em relação à salvação de suas almas. O profeta Ezequiel é muito claro sobre esse nosso compromisso em Ezequiel 3.17-19: “Filho do homem, eu te dei por atalaia sobre a casa de Israel; da minha boca ouvirás a palavra e os avisarás da minha parte. Quando eu disser ao perverso: Certamente, morrerás, e tu não o avisares e nada disseres para o advertir do seu mau caminho, para lhe salvar a vida, esse perverso morrerá na sua iniqüidade, mas o seu sangue da tua mão o requererei. Mas, se avisares o perverso, e ele não se converter da su7a maldade e do seu caminho perverso, ele morrerá na sua iniqüidade, mas tu salvaste a tua alma”. Deus nunca exige mais de nós do que podemos fazer e Ele deseja também dizer um dia de cada um de nós: “Ele (a) fez o que pode!” como disse da mulher que ungiu a Jesus com precioso perfume em Marcos 14.8.

         Quando Jesus disse no sermão da Montanha: “Vós sois a luz do mundo”.(Mateus 5.14) Ele estava se referindo exatamente ao nosso compromisso missionário de deixarmos brilhar nossa luz de vida para que outros vejam o caminho que conduz à salvação. A vida do verdadeiro cristão é como uma vela, a qual à medida que queima e ilumina vai desgastando-se para deixar o ambiente onde se encontra mais iluminado para todos. Você é um (a) missionário (a)? Sua Igreja sente esse compromisso, essa responsabilidade ou se transformou numa mera sociedade ou num simples clube de serviço? Se você não sente o chamado de ir a tempo integral aos campos missionários, seja um (a) missionário (a) onde você está e apóia com sua oferta e suas orações aos que Deus chamou, enviou e capacitou. Lembra-se: O regresso de Cristo e nossa passagem para a pátria derradeira dependem do cumprimento desse compromisso.

Pr. Ivo Lidio Köhn