Uma Igreja Comprometida – Com o outro

Os ditados populares: “Cada um para si e Deus para todos” e “Cada macaco no seu galho” são muito conhecidos, mas não se aplicam aos cristãos e muito menos a uma igreja comprometida que tem como segundo mandamento mais importante de seu corpo doutrinário: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo.” (Mateus 22.39) Assim como num corpo todos os seus membros precisam estar relacionados entre si para que possa funcionar normalmente e em harmonia, assim também no corpo da Igreja. Por essa razão a palavra de Deus também nos diz em Romanos 12.15: “Alegrai-vos com os que se alegram e chorai com os que choram.” Ninguém consegue viver isoladamente, pois todos nos necessitamos mutuamente. Deus já viu isso ao criar o primeiro homem e dizer depois: “Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea.” (Gênesis 2.18) Uma sociedade ou entidade somente funciona se cada indivíduo, que a integra, possuir senso de equipe e no seu lugar cumprir com o seu papel; assim como num motor, as peças, cada uma em seu lugar fazendo sua parte, estabelecem um conjunto harmonioso numa total interdependência.

         Como já afirmamos em outros momentos, a Igreja somos nós, os membros que a constituem; por essa razão o comprometimento é de cada um. Quem é esse outro em sua vida? Será sempre aquele com quem você cruzar no caminho da vida. Onde começa esse caminho? No seu lar, na sua família. Você possui um compromisso comseus pais. Você deve sua vida, sua existência a eles. Deus os colocou na sua vida para que lhe dessem orientação, segurança, formação para se tornar uma pessoa equilibrada e digna. Respeite-os, ame-os, honra-os e jamais esqueça de ser-lhes grato (a). Deus é seu pai por excelência, a quem você deve a maior obediência, submissão, honra, respeito e gratidão. Ele não apenas deseja seu bem estar material e físico, mas principalmente espiritual e eterno. Como estão seus relacionamentos e comprometimentos com esses seus pais? Os seus irmãos também fazem parte da sua família, da sua vida. Como é bom ter um (a) irmão (ã) mais velho (a) que nos entende, auxilia e defende por já ter trilhado o caminho que a nós ainda é desconhecido. Se nós formos os (as) mais velhos (as) também precisamos entender, auxiliar e defender os (as) irmãos (ãs) mais novos (as). Isso também se aplica à nossa família da fé, onde necessitamos de uma relação harmoniosa, compreensiva e fraterna e onde nunca podemos esquecer que a nossa liberdade termina onde começa a do outro. A professora ou os professores também fazem parte da nossa história. Eles foram ou são os mestres que nos orientam na formação de nosso nível cultural, na aquisição de conhecimentos que nos auxiliam na nossa vida pessoal e profissional. Precisamos respeitá-los, honrá-los e ser-lhes gratos pelo serviço que nos prestam. Quantos professores sofrem com o desinteresse, desrespeito e a ingratidão de seus alunos. Os colegas de aula estiveram ou estão aí para que possamos aprender a nos relacionar, a exercitar nosso autocontrole, nossa paciência e demonstrar nosso carinho, nosso apoio, nossa compreensão, para descobrir verdadeiros (as) amigos (as) e desenvolver amizades saudáveis, das quais tanto carecemos e necessitamos. Os amigos ocupam um espaço especial na nossa vida. “Se uma boa amizade você tem, louve a Deus, pois a amizade é um bem. Toda boa amizade você deve conservar. Como é bom quando se sabe amar”. Bons amigos, boas amigas são presentes de Deus, tesouros, porém precisamos saber preservá-los, saber como lidar com eles. Não podemos ser egoístas, aproveitadores, tornar-nos verdadeiros “malas”, mas ser também sensíveis as necessidades deles. Que eles também possam contar conosco para o que der e vier, pois o (a) verdadeiro (a) amigo (a) pensa mais no (a) outro (a) do que em si mesmo. O (a) patrão (oa) em nosso trabalho também se torna nosso próximo, o (a) outro (a) com quem nos comprometemos e a quem se deve fidelidade, submissão e respeito. Devemos deixá-lo (a) satisfeito (a) com nosso trabalho fazendo jus ao nosso salário e demonstrar disposição para auxiliar sempre quando de nós necessitam. Como será que nos relacionamos com os nossos (as) colegas de trabalho? Somos companhia agradável no serviço ou estamos entre os colegas chatos? Somos prestativos ou aproveitadores deixando que eles façam o que nos cabe? Com quantas pessoas cruzamos quando vamos ao Supermercado, ao Banco, às lojas e repartições públicas! Que atitudes temos em relação a essas pessoas? As cumprimentamos com gentileza? Damos preferência nas filas e nos meios de transporte aos mais idosos e às gestantes, mães com filhos pequenos ou deficientes? Há poucos dias minha esposa foi a uma repartição pública e a senhora que a recebeu nem se quer a olhou ao atendê-la; ela ficou indignada e quase lhe disse que, se não a pudesse ajudar, ao menos fosse simpática. Já imaginaram como o mundo seria diferente se cada habitante do planeta terra se sentisse comprometido com o outro e o tratasse com carinho, com respeito, disposto a ajudar-lhe no que pudesse?

         Sim, a Igreja tem compromisso com aqueles que sempre nela estão; o compromisso de tratá-los bem e servir-lhes o pão e a água da vida; mas ela também precisa preocupar-se com os outros, aqueles que poucas ou raras vezes aparecem, procurando saber a razão e descobrir alternativas para atraí-los também. Ela também precisa sentir-se comprometida com os seus visitantes, para que sejam bem recebidos, se sintam bem e saiam com desejo de retornar.

         Caro leitor! O segredo da felicidade e do bem estar pessoal reside em nos esforçarmos para deixar o outro feliz e contente. Por essa razão os que compartilham do pouco que possuem com os que nada têm, são pessoas felizes e equilibradas. O apóstolo Paulo escreve aos filipenses: “Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo.” (Filipenses 2.3) Quando você encontrar e confrontar-se com outra pessoa no caminho da vida lembre sempre que nela também existe uma alma que Deus ama e quer salvar. De repente seja você o instrumento pelo qual o amor de Deus pode chegar a ela. Não faça acepção de pessoas, mas ame e trate bem a todas indistintamente.

Pr. Ivo Lidio Köhn