No Temor do Senhor

Autor: Pr. Ivo Lídio Köhn

Em Atos 2.42-43 lemos a respeito da igreja primitiva: “ E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações. – Em cada alma havia temor, e muitas maravilhas e sinais se faziam pelos apóstolos.” O temor respeitoso continuava imperando e acompanhando os sinais e as maravilhas que continuavam aparecendo através dos apóstolos. As duas coisas corriam juntas – quanto mais maravilhas, maior era o temor. A igreja passava por um período de paz em toda a Judéia, Galiléia e Samaria. Ela se edificava e, encorajada pelo Espírito Santo, crescia em número, vivendo no temor do Senhor. Lucas enfatiza a fórmula “temer a Deus” tanto no seu evangelho como em Atos.  São os tementes a Deus (os gentios que abraçaram a fé judaica) que formam a base inicial da obra missionária aos gentios. O temor do Senhor produz confiança e obediência, bem como o afastar-se do mal; isso, por sua vez, resulta na “consolação do Espírito Santo”.

O temor do Senhor é o princípio da sabedoria; todos os que cumprem os seus preceitos revelam bom senso. Ele será louvado para sempre! Temor é na verdade sinônimo de reverência ou adoração, o que faz supor que a sabedoria começa quando reconhecemos devidamente quem Deus é e lhe prestamos a adoração que merece. Faz-nos lembrar que descobrimos a verdadeira relevância da vida ao nos aproximar de Deus numa atitude de humildade e de reverente temor, não com pavor e sobressalto.  Provérbios 8.13 diz:“ O temor do Senhor é aborrecer o mal; a soberba, e a arrogância, e o mau caminho, e a boca perversa aborreço.” O temor a Deus deve levar o crente a afastar-se do mal  e abominar o pecado, o qual desagrada a Deus e destrói, tanto a nós, como aqueles a quem amamos.

“A recompensa da humildade e do temor do SENHOR são a riqueza, a honra e a vida. “ (Provérbios 22.4) O homem humilde, que “teme o Senhor”, será abençoado por Ele, material e espiritualmente. – Aqueles que permanecerem fiéis a Deus receberão essas bênçãos no tempo determinado por Ele. Todo o povo de Deus estará entre aqueles que “herdarão a terra” (Mt 5.5). Já aqui, os pobres de Deus são considerados ricos nos bens e honras espirituais (Ap.2.9).

“Temam o Senhor, vocês que são os seus santos, pois nada falta aos que o temem. “ (Salmos 34.9) Note que as promessas deste salmo são condicionais, e reservadas somente a quem de fato teme ao Senhor. Deus promete nos livrar do medo (v4), nos salvar nas crises (v.6,17), pôr anjos ao nosso redor (v.7), suprir as nossas necessidades (v.9), dar-nos vida abundante (v.12), ouvir nossas orações (15), confortar-nos com a sua presença (v.18), e livrar nossa alma (v.22) – mas somente sebuscarmos ao Senhor (vv.4,10), clamarmos a Ele (v.6), guardarmos nossa língua do mal da mentira (v.13), fizermos o bem e proclamarmos a paz (v.14), tivermos um coração contrito (v.18) e formos seus (as) servos (as) (v.22)

Agora que já se ouviu tudo, aqui está a conclusão: “ Tema a Deus e obedeça aos seus mandamentos, porque isso é o essencial para o homem.”  (Eclesiastes 12.13 ) Todo o livro de Eclesiastes deve-se interpretar segundo o contexto deste seu penúltimo versículo. Salomão começou com uma avaliação negativista da vida como vaidade, algo irrelevante, mas no fim ele conclui com um sábio conselho, a indicar onde se pode encontrar o sentido da vida. No temor de Deus, no amor a Ele e na obediência aos seus mandamentos, temos o propósito e a satisfação que não existem em nada mais.

Pastor Ivo Lídio Köhn