Autoridade na família

A autoridade dos pais na família é um direito natural conferido por Deus e reconhecido pela sociedade. Mas, muito mais do que um direito, é um dever ou responsabilidade que os pais contraem frente àqueles que o Senhor lhes confiou. Em Efésios 6.1 lemos: “Filhos, obedecei a vossos pais no Senhor, pois isto é justo”. Esta autoridade equivale à capacidade de mandar, proibir e decidir. Os filhos serão eternamente agradecidos aos pais pelo exercício da autoridade, pois deles terão aprendido com clareza e com carinho o que é certo e o que é errado.

Há um século o estilo predominante era o do vaidoso pai mandão. Mas no mundo moderno é mais frequente o inverso, o enfraquecimento da autoridade paterna, agravada por um distanciamento progressivo do pai do lar, quase sempre por motivos de trabalho. A ausência física acaba por provocar abatimento moral, desinteresse, abandono ou delegação irrestrita da autoridade para a mãe. Este caso desdobra-se, algumas vezes, no enfraquecimento duplo de autoridade, quando a mãe se ausenta pelo mesmo motivo,  a autoridade é delegada à avó ou babá. Um quarto desajuste possível são as ânsias, por parte de algumas mães, de posse territorial, assumindo o lar como seu reino, buscando para si, todas as funções familiares, incluindo a educação.

A autoridade dos pais é sadia na medida em que ambos a compartilham equilibradamente e se complementam ao exercê-la. Cada um tem estilo próprio de exercer a autoridade, que deve ser respeitado e potencializado, na pressuposição de que os cônjuges se aceitam reciprocamente como pessoa, e que cada um deseja que o outro seja livre. Conflitos e disputas nesta área podem desprestigiar os pais perante os filhos e a consequência será o enfraquecimento da autoridade de ambos. Esta mesma autoridade permanece sadia se é educativa, adaptando-se a cada fase do desenvolvimento e amadurecimento das crianças ao longo dos anos. Salomão, em Provérbios 30.17 escreve: “Os olhos de quem zomba do pai ou de quem despreza a obediência à sua mãe, corvos no ribeiro os arrancarão e pelos pintos da águia serão comidos”.

O prestígio é fundamental a quem quer que queira exercer autoridade. O prestígio pode fazer de uma pessoa um líder, ou desacreditá-la. Os pais levam grande vantagem de início, pois são admirados como heróis pelos filhos. Mas os defeitos dos pais são logo percebidos, desde a tenra idade. Serão, entretanto, eternamente respeitados, se os filhos notarem que os pais lutam por adquirir virtudes do bom-humor, da serenidade, da sinceridade, da fortaleza, entre outras. O pai se faz respeitar em casa se é homem de uma só peça, se igualmente se faz respeitar profissionalmente, entre os amigos, no lazer, etc. O que prestigia um homem é a luta que trava consigo mesmo para ser melhor, para crescer, para ser virtuoso. O homem desprestigiado perde força moral de exigir, pois demonstra não ser exigente consigo próprio. Para se fazer “amigo” dos filhos, barganha concessões… fazendo-se “carroça em vez de locomotiva”.
O homem que luta por crescer interiormente não cede onde tem que ser firme, não se envaidece e nele predomina o afã de serviço. Sabe que a autoridade significa responsabilidade e muito trabalho, pois reconhece que muitos dependem dele, de sua disposição, de seu autocontrole, de sua força interior. O homem que se coloca à disposição daqueles que dependem dele, ganha simpatia, é por eles estimado e por isso tem “autoridade“. Os pais que exercem sua autoridade na família através do serviço, fazendo-se às vezes tapete macio para estimular, e outras vezes cascalho intransigente por defender a verdade moral, dão segurança aos passos dos filhos, fazendo-os grandes seres humanos. 

Pastor Ivo Lídio Köhn